Quando criança, sonhei ser poeta de alma despida.

Amei as palavras e suas possibilidades de acolher o mundo.

Encantei-me com a sonoridade entoada nas poesias.

Ser poeta era sem dúvida revelar a alma aos encantos da vida.

Mas, uma dor cruzou meu caminho.

O poeta nascia quando o sonho acabava.

Era preciso partir para nascer poeta.

Tive medo das palavras, escondi minhas rimas, guardei meus segredos.

A poesia se escondeu juntos aos meus olhares.

Guardei no silêncio meu desejo de tecer a poesia do mundo.

Os anos chegaram e acomodaram minha dor.

Adormecida a dor, levantei de mansinho e espiei a poesia.

Soube então do segredo do poeta:

Ele nasce todo dia nas palavras deitadas sobre o papel.

Sem medo do amanhã, ainda em sonho, escrevo minha poesia.

Revelo meus segredos e acolho minha própria dor.

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