Dizem: “a vida tem seus temperos”,ando meio destemperado.
Falta algo, árida é como sinto a vida.
As idéias vagam pela minha cabeça, quase sempre perturbam, descrevem rosários inquietando a alma.
O cenário é um tribunal. Frio e sombrio. O juiz aguarda. A mão estendida.
O martelo empunhado, com bastante zelo, espera o momento final.
A martelada reveladora.
Um oráculo - a força é tal - determina os próximos passos.
De volta ao quarto, procuro entender as palavras.
Um nocaute: A solidão é existencial. O abandono se faz valer no rosário.
Conspiram idéias de vazio.
Não ser lembrado é como estar morto.
Outro nocaute.
O não dito se inscreve e promove a dor, a solidão.
O vazio é existencial. Ainda atordoado com as palavras, procuro compreender o momento, intenso de sentidos.
Volto e constato a duplicidade da vida. Ás vezes bêbada tropeça em conclusões inférteis.
A porta entreaberta. O quarto escuro. A vida colocada em cheque.
-Ele pode não resistir - diz o médico.
-Conveniente batizar agora.
-Pobre coitado, será que vai vingar?
A eminência daquilo que não se inscreve: a morte.
O abandono, o vazio, a solidão, tudo presente.
Apenas a presença do outro é capaz de denunciar a vida em luta. E ela reluta. Rompe com prognósticos, supera expectativas.
Marca definitivamente o vazio com o choro, com a lágrima.
Preciso da dor para produzir..
O gozo é superação do vazio.
Inscrever a palavra no predestinado a nada, fazer discurso.
A solidão é recoberta de sentidos.
As palavras do rosário estão atentas ao mundo
Poesias
Temperos da vida
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