Meu grito é a palavra, com ela desabafo e encolho a tristeza da vida.
A inquietude, exagerada por vezes, insiste em vasculhar detalhes, desengavetar pormenores.
Os tempos têm sido difíceis, mas nada se compara ao desleixo de humanizar, de recolocar a linha na agulha e tecer a vida ponto a ponto. Atento as cores, aos desejos, a força dispensada em cada ponto...
Sou queixoso, sei disso. Preciso ser, esse é um ímpeto interno, ou, quem sabe, vontade de desafiar a estupidez disfarçada nos homens.
Hoje, olhava os ipês floridos no caminho da serra, em meio à absoluta secura lá estavam, majestosos, implacáveis, intensos, lembrando que a vida e a beleza são possíveis de brotar em meio às dificuldades da vida. 
Perguntei-me se eles disputavam atenção como fazem os homens alheios ao verdadeiro sentido da vida. Não! Claro que não! A natureza não se rebaixa. As flores que se desprendem dos ipês vão enfeitar o chão formando um lindo tapete amarelo. O homem, quando descarta...
Um longo suspiro... 
Às vezes temo as palavras, medo de ser insensato ao dizer do mau que ronda nossas vidas.
O humano de repente, passou a ser uma ameaça profunda. Há de todas as formas: dominadores, centralizadores, traiçoeiros, falsos... um nó na garganta me impede de seguir descrevendo... não merecem minhas palavras... nem minha dor.
Para minha sorte, acode-me a lembrança dos amigos, alguns ainda silenciados pela distância e pelo tempo, aguardam a hora de se fazerem presentes. Também há aqueles que acabaram de chegar com flores e perfume nas mãos, amor verdadeiro, lealdade... umas joias. 


Teuler Reis

 

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