Se me ronda o pessimismo silencio minhas palavras. Inevitável não ser engolido pelo desânimo diante do mundo. Quebraram os espelhos por onde nossa verdade refletia. Há escuridão por toda parte, impera o desleixo, a falta de cuidado. Agarro-me a um pequeno caco do espelho estilhaçado, receio ser mais um. Em mim, ainda dói o descaso, a arrogância, a falsidade, o silêncio enganador, a ganância destrutiva, a falta de humor, o egoísmo, o deixar-se levar pela onda do desamor. Tento me manter íntegro e de olhos abertos. Não sei se a idade, ou o desgosto diante dessa insensibilidade humana, andam me desconcertando o sorriso do rosto. Apagaram as luzes e agora resta sair tateando na esperança do reconhecimento. Se a imagem antes revelava, hoje ela disfarça, oculta a verdade dos olhos. Triste quando não reconhecemos mais o mundo, amigos, esperanças, tradições, amores. Triste se deitar às vésperas de uma festa cheia de encantos e acordar diante de um mundo vazio de significados, um mundo vendido ao consumismo, alienado de sua natureza humana. Meu coração está acabrunhado, desconsolado. Mas, ainda resta uma esperança: um presente do bom velhinho de barbas brancas, que dispense papel colorido e fitas brilhantes, que se faça presente a todo o momento, grande o bastante para ser compartilhado com todos, leve o suficiente para voar em longa distância, que aplaque a fúria dos corações e faça renascer a verdade no mundo. Que venha a PAZ!